A música é parte essencial de um filme. Como uma arte audiovisual, desde que o cinema passou a ter som, um de seus aspectos mais poderosos é a música. É a partir de uma música no momento certo de um filme que somos capazes de nos emocionar, temer, rir ou ficarmos empolgados. A trilha sonora de um filme é parte integral, mas ao longo da história do cinema, muitas canções marcaram certos filmes em nossos corações e mentes. Desde ‘Staying Alive’, dos Bee Gees para ‘Os Embalos de Sábado à Noite’, até ‘My Heart Will Go On’, de Celine Dion para ‘Titanic’, a história da sétima arte é repleta de canções que associamos imediatamente aos filmes.
Mas e quando uma música de um filme faz muito sucesso em sua época e depois cai no ostracismo se tornando esquecida? A década de 2000 não faz tanto tempo assim, mas está repleta de canções muito famosas da época, que se tornaram desconhecidas para as gerações mais novas por não tocarem tanto nos dias de hoje. Nessa nova matéria jogaremos uma luz de novo nessas canções de grandes bandas para filmes famosos, mas que você não lembrava. Confira.
O maior herói da Marvel ganhou uma trilha sonora à altura. ‘Homem-Aranha’, de Sam Raimi, foi o responsável (ao lado do primeiro ‘X-Men’) pela aceitação do grande público aos filmes baseados em super-heróis de quadrinhos. Aqui foi onde finalmente quebravam a barreira e se tornavam superproduções pop abraçadas por todos – até chegar ao que temos hoje. É claro que um lançamento deste porte precisava de todo tipo de merchandising para acompanhar, e uma música chiclete foi providenciada. ‘Hero’ foi o óbvio título da música de Chad Kroeger, do Nickelback, em parceria com Josey Scott.
A banda irlandesa U2 já era uma das maiores do mundo em 2001, quando foi convidada para compor a música carro-chefe do blockbuster ‘Lara Croft: Tomb Raider’, primeira adaptação em forma de blockbuster de um dos videogames mais queridos de todos os tempos. De fato, a personagem eletrônica Lara Croft se tornou uma musa dos gamers e se tornou tão famosa que transcendeu para a cultura pop. Mesmo os que nunca haviam jogado sabiam quem a personagem era. Angelina Jolie havia acabado de ganhar o Oscar por ‘Garota, Interrompida’ quando foi escalada para viver a heroína aventureira e não poderia ter ficado mais perfeita no papel. ‘Elevation’ foi a canção composta por Bono e seus colegas, uma música que ainda toca, embora muitos não saibam que foi feita para o filme.
Não deixe de assistir:
Em ritmo de Rock in Rio, a banda Evanescence voltou aos holofotes esse ano com uma apresentação no maior festival de música do Brasil. Evanescence, comandado por Amy Lee, foi o epicentro do chamado Gothic Metal nos anos 2000 – ou metal gótico – estilo de música e visual sombrio e depressivo, que tem tudo a ver com a adolescência. Justamente por isso, fez o maior sucesso com o público jovem de meados dos anos 2000. E encaixou como uma luva no filme ‘Demolidor – O Homem Sem Medo’, da Marvel/Fox, afinal a história conta sobre um dos heróis mais tristes da editora. ‘Bring me to Life’ e ‘My Immortal’ foram as escolhidas para compor a trilha sonora.
Por falar em músicas que grudam igual chiclete e Angelina Jolie, aqui temos a combinação dos dois. Depois do Oscar por ‘Garota, Interrompida’, mas antes de protagonizar sua primeira superprodução com ‘Lara Croft’, Jolie foi uma coadjuvante de luxo no filme de roubo a carrões ’60 Segundos’ e fez par com Nicolas Cage – então o rei da ação em Hollywood depois dos sucessos de ‘A Rocha’, ‘Con Air’ e ‘A Outra Face’. Para um blockbuster repleto de adrenalina, a música escolhida foi a melosa ‘Painted on my Heart’, da banda The Cult, que tocou até não poder mais.
Talvez a música romântica mais tocada nos anos 2000, ‘The Blower’s Daughter’, de Damien Rice, ainda hoje toca e emociona. Mas mesmo os fãs da canção talvez não lembrem que ela embalou o sucesso dramático ‘Closer: Perto Demais’, de Mike Nichols, um dos romances mais queridos daquela época, que ainda hoje é mencionado quando falamos do gênero. O filme conta com um quarteto de peso no elenco: Julia Roberts, Natalie Portman, Jude Law e Clive Owen, vivendo as desventuras amorosas de dois casais, que terminam trocando de parceiros. Owen e Portman (que vive uma stripper no longa) foram indicados ao Oscar por seus desempenhos. É impossível assistir ao filme e não lembrar da canção.
Hoje, a maior estrela da música R&B/pop do mundo, Beyoncé tentou a transição dos palcos para as telonas nos anos 2000. Seu primeiro foi a comédia ‘Austin Powers em o Homem do Membro de Ouro’, de 2002, terceiro e último filme do espião interpretado por Mike Myers. Ao todo foram oito filmes estrelados pela musa, sendo que os dois últimos (‘Reino Escondido’, de 2013, e ‘O Rei Leão’, de 2019, ela apenas dublou). Beyoncé também apostaria em dramas e receberia elogios por seu desempenho, em filmes como ‘Dreamgirls: Em Busca de um Sonho’ e ‘Cadillac Records’. No mesmo ano do primeiro, ela lançou o reboot de ‘A Pantera Cor-de-Rosa’, ao lado de Steve Martin. Além de estrelar o filme, também embalou a música tema ‘Check on it’. Você lembrava?
Por falar da rainha Beyoncé, uma cantora que seguia seus passos no início dos anos 2000 foi a saudosa Aaliyah. A jovem cantora, que era uma grande promessa do hip hop e R&B perdeu sua vida devido a um acidente aéreo nas Bahamas, aos 22 aninhos. Aaliyah já tinha músicas de sucesso na época e igualmente investia no mundo do cinema. Infelizmente, a cantora só conseguiu estrelar dois filmes. O segundo, o terror ‘A Rainha dos Condenados’ (2002), continuação de ‘Entrevista com o Vampiro’, precisou ser terminado depois de sua morte. Dois anos antes, ela estrelava no filme de ação e luta ‘Romeu tem que Morrer’, que serviu como primeiro papel protagonista do astro da ação chinês Jet Li em Hollywood. Aaliyah também encabeçou a trilha sonora do longa com a canção ‘Try Again’, que na época tocou muito.
Voltando ao gênero dos super-heróis, para os primeiros filmes que abriram as portas para os tornarem bem-sucedidos e chegarmos no que temos hoje, os anos 2000 foram responsáveis por esse sucesso. Como citado, ‘X-Men’ foi o primeiro e ‘Homem-Aranha’ elevou o nível a outro patamar. Na esteira do sucesso veio logo ‘Demolidor’ em menor escala. E com um investimento “monstro”, com o perdão do trocadilho, no mesmo ano estreava ‘Hulk’, primeiro filme para o cinema do anti-herói monstruoso, que tem mais a ver com ‘O Médico e o Monstro’ e ‘Frankenstein’. O chinês Ang Lee foi quem comandou a aventura e resolveu criar uma HQ em filme. Para a trilha sonora, a nova banda do guitarrista Slash (eterno Guns n Roses), Velvet Revolver, foi quem confeccionou a harcore ‘Set me Free’, tudo a ver com o atormentado e destruidor personagem.
Acima, citamos a ambiciosa proposta de levar ‘Hulk’ ao cinema em um blockbuster. Apesar de muitos terem certo carinho pelo filme, é seguro dizer que o longa não funcionou da maneira que deveria. A prova disso é que ao contrário de ‘X-Men’ e ‘Homem-Aranha’, nunca gerou uma continuação. Bem, não com esta iteração. No mesmo ano era lançado também ‘As Panteras Detonando’, continuação do sucesso de 2000. E esse também foi um filme que sofreu com críticas e uma bilheteria abaixo do esperado. A prova é que nunca recebeu um ‘As Panteras 3’. Enquanto Beyoncé e as Destiny’s Child foram as responsáveis pela popular ‘Independent Women’ no primeiro filme, a rebelde Pink foi quem cuidou da canção principal do segundo filme, com a música ‘Feel Good Time’. Você lembrava?
Fechando a matéria temos um gênero que adoramos aqui no CinePOP: o terror. ‘A Casa de Cera’ é um dos filmes slasher mais subestimados de todos os tempos. O que acontece é que o longa foi lançado em uma época em que tais filmes não tinham mais a força de antigamente. Mesmo assim, o exemplar é criativo em sua direção de arte, efeitos e um elenco afiado de jovens talentosos. E o melhor, é genuinamente assustador. Nos anos 2000 o gothic metal deu origem aos emos, e a banda My Chemical Romance era uma forte representante deste segmento. Assim, ‘Helena’ virou um dos maiores hits da banda. E foi a canção que encerra o terror em grande estilo.